Meu santo tá cansado. Não vou dizer que tenho saldo sobrando. Não tô devendo, mas a vida de homem é assim mesmo. Uma lona de freio aqui. Um motor fazendo um barulho ali. Não vou dizer que não menti. Meu santo tá cansado. Que sou todo direito e sei a hora de ser covarde. Não pude ser tudo o que quis, armei umas e outras. Tomei e dei volta como o drible sem objetivo. Que se perde além da linha lateral. Como drible sem objetivo. Mesmo sem carteira azul, sempre fui trabalhador. Às vezes a gente reza a cartilha e sai de brita. Às vezes a gente corre atrás do finado. Tem jogo! Que começa acabado. Já jurei, já jurei. Com dedos cruzados, com dedos cruzados. Não tô aqui pra ser herói cuzão. Pra pagar de otário. Não tô aqui pra pagar pau pra fardinha azul. Aqui não tem cabeça baixa, também não tenho pressa. Não sou bebedor de água benta, se liga nessa, vai, ajoelha e reza. Meu sangue mais de uma vez subiu. Como o céu azul, meu céu azul de abril. Limpo, lavabo, brilha no céu mais bonito do espaço. Depois das águas de março. Meu santo tá cansado!
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